Promover o diálogo sobre a comunicação à luz da cultura solidária, buscando a construção de uma sociedade comprometida com a justiça, a liberdade e a paz, é o principal objetivo do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, organizado pela Igreja Católica. O evento será realizado em Porto Alegre, entre os dias 12 e 17 de julho de 2009, e terá como tema "Processos de comunicação e cultura solidária". Representantes de 37 países farão parte do encontro.
A iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Organização Católica Latino Americana e Caribenha de Comunicação (OCLACC) e do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM), une dois eventos já consagrados no âmbito da comunicação cristã, o Mutirão Brasileiro de Comunicação e o Congresso Latino Americano e Caribenho de Comunicação, que nesse ano realizam conjuntamente as suas sexta e quarta edições, respectivamente.
O Mutirão, lançado em Porto Alegre, em 14 de julho do ano passado, pretende ser um espaço de vivência de comunicação, onde os participantes terão a oportunidade de trocar experiências. A ideia é construir propostas teóricas, práticas e metodológicas sobre os processos de comunicação. Além disso, é foco do congresso “refletir sobre os desafios da comunicação na ação evangelizadora, contribuindo na renovação das formas de comunicação no trabalho pastoral, catequético e litúrgico e na construção da opinião pública à luz da cultura solidária”.
O professor e padre Pedrinho Guareschi, um dos organizadores do evento, vê na palavra mutirão a principal essência do encontro. “É tempo de a população 'fazer', produzir mídia, e não individualmente, mas solidariamente”. Para o coordenador-geral do evento, Pe. Marcelino Sivinski, “não basta pensarmos a comunicação somente dentro das instituições, temos que abrir o diálogo, fazer uma mesa redonda, para discutirmos o tipo de comunicação que queremos para a sociedade dos nossos sonhos”.
O religioso destaca que hoje a sociedade está carente de oportunidades como essa, onde se proporciona a um maior número de pessoas um debate plural e democrático sobre a mídia. “Em conjunto, poderemos construir metodologias, conceitos, para que a médio e longo prazo possamos avançar para uma política pública de comunicação solidária”, acredita Sivinski. Corroborando com essa opinião Celso Schröder, coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização (FNDC), saúda a realização do Mutirão no ano em que ocorrerá a primeira Conferência Nacional de Comunicação. “Com o debate qualificado que pretende realizar, o Mutirão será um espaço rico num momento importante na luta por uma comunicação mais democrática no país”.
Guareschi considera fundamental criar a consciência de que a comunicação é um bem de todos os cidadãos, e assim não deve ficar refém nas mãos de poucos. “Sabemos que a mídia hoje "constrói" a realidade com valores, monta a pauta de discussão e influi poderosamente na construção da subjetividade das pessoas. Por tudo isso, deve ser um serviço que tenha a constante avaliação e monitoramento da sociedade, principalmente da sociedade civil, constituída por suas organizações”, defende.
Segundo Schröder, os princípios do Mutirão estão em sintonia com os propósitos do Fórum. “Temos a mesma visão sobre os problemas da nossa comunicação. Ela tem um viés alienante e não contribui de uma maneira mais positiva para a construção de consciência crítica. Com isso, forma sujeitos com pouca capacidade de atribuir sentido humano à sociedade”. Sintonia ratificada por Sivinski, que vê “o FNDC não só como grande parceiro, mas como o alimentador dessa reflexão nesse momento”.
Antecedendo o Mutirão, estão ocorrendo, por todo Continente, encontros preparatórios. “O Mutirão é um ponto de chegada, um recolher das experiências e conclusões que esses encontros estão refletindo”, define o Padre Marcelino. Ao final do congresso em julho, será elaborada uma Carta de Porto Alegre, com as conclusões do encontro e propostas para uma ação eficaz da comunicação “no processo de formação de uma sociedade alicerçada na justiça, na liberdade e na paz”, reforça o coordenador.
O evento terá diversas atividades. A programação principal (confira aqui) será dividida em três grandes eixos: Novos cenários políticos e sociais e processos de comunicação; Economia e comunicação na era digital; e Comunicação no diálogo das culturas. As produções acadêmicas terão um espaço de destaque. Professores e estudantes de universidades, escolas de comunicação e outras instituições ligadas à área podem encaminhar trabalhos através do sítio do evento até o dia 25 de março (confira o regulamento). Os participantes podem propor oficinas e atividades artísticas.
O evento é uma promoção da OCLACC, CELAM, CNBB, União Cristã Brasileira de Comunicação (UCBC), Organização Católica Internacional do Cinema (OCIC/BR), Rede Católica de Rádio (RCR) e União de Radiodifusão Católica (UNDA/BR). As inscrições podem ser feitas aqui.
Encontro preparatório
No próximo dia 27, no Teatro do Prédio 40 da PUCRS, em Porto Alegre/RS, às 20 horas haverá uma mesa redonda sob a coordenação da professora Annamaria Rodriguez, Presidente da Organização Católica Latino Americana e Caribenha de Comunicação (OCLACC). O encontro é aberto e gratuito. Confira o programa abaixo.
Processos de comunicação e cultura solidária:
- Na sociedade esfacelada da América Latina e do Caribe.
Prof. Washington Uranga - Universidade de Buenos Aires, Argentina.
- Na universidade como centro de pesquisa e formação de profissionais.
Prof. Pedro Gilberto Gomes - Unisinos.
- Na Faculdade de Comunicação como centro de formação dos profissionais da comunicação.
Professoras Neka Machado e Vanessa Purper - PUCRS.
- Na mídia comercial e empresarial.
Prof. Juremir Machado da Silva - jornalista e Professor da PUCRS.
- Nas propostas do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.
Prof. Celso Augusto Schröder.
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