sábado, 30 de maio de 2009

Congresso da Abert: quando falam os dinossauros

Luciano Martins Costa - Observatório da Imprensa
21.05.2009


Termina na quinta-feira (21), em Brasília, o 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, com pífia cobertura da imprensa escrita. Um dos destaques do evento é o patrocínio das empresas de rádio e televisão a uma emenda do deputado paraibano Vital do Rego Filho ao Projeto de Lei 29, propondo submeter os serviços de acesso à internet à lei de comunicação social.

Isso significa que a internet, no Brasil, teria de se submeter a regras como a que prevê um limite para o capital estrangeiro e a que estabelece controles sobre a transmissão de conteúdos.As poucas reportagens sobre o encontro foram um primor de transcrição de discursos e declarações.

Nenhuma palavra da chamada grande imprensa sobre as questões que têm realmente importância, como a democratização do acesso aos meios e a concentração da propriedade dos negócios de mídia.

Pauta urgente

Um dos pontos altos do congresso foi o discurso do ministro das Comunicações, Hélio Costa, no qual ele proferiu a seguinte pérola: "Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na internet. Tem que assistir mais rádio e televisão". O ministro das Comunicações parece ignorar que, neste momento, muitas pessoas estão ouvindo rádio e assistindo televisão… pela internet.

Faltou acrescentar que todos deveriam evitar os aviões e metrôs e voltar ao tempo dos tílburis e das carruagens. Outra declaração "bombástica" registrada pela imprensa foi produzida pelo presidente da Abert, Associação Brasileiras das Emissoras de Rádio e Televisão, Daniel Slaviero: "A internet é aberta mas não desvinculada do mercado", afirmou, segundo o registro dos jornais.

E se a internet é vinculada ao mercado, no raciocínio do dirigente, tem que se submeter às regras que mantém sob controle restrito as concessões de rádio e televisão. Os milhões de jovens que trocaram a atitude passiva diante da televisão pelo protagonismo na rede mundial de computadores devem estar assombrados. É como se tivessem entrado virtualmente no parque dos dinossauros.

Enquanto isso, a imprensa segue ignorando os temas que deveriam estar em pauta sobre comunicação no Brasil: a concentração do setor, a propriedade cruzada de meios de comunicação e o controle das concessões em vastas regiões do País por parlamentares, que se se eternizam no Congresso por conta da manipulação de emissoras de rádio e televisão.

Comentário para o programa radiofônico do OI do dia 21 de maio.

Um comentário:

  1. Oi, por causa da pressa, não achei um link direto de comunicação.Sou blogueira e observo a blogosfera crítica à mídia há algum tempo. Há a chance de que esta blogosfera se junte aos esforços de divulgação da Confecom ao público leitor de blogues (que cresce e causa a diminuição nas vendas de jornais). Para isso é preciso juntar estas pontas - a dos blogues, que se espelham e multiplicam em uma miríade de textos pela internet os comentários dos blogues líderes, e os movimentos fora da internet. É preciso entender, do lado dos movimentos, que não é porque você coloca um site na internet que ele será visitado. Da parte dos blogs, que se mobilizam em torno - apenas - do não à lei Azeredo, é preciso entender que o movimento precisa olhar para fora desse espaço e ver que existem movimentos muito mais amplos na sociedade, movimentos que tem afinidades com os movimentos dos blogues. Se o blogue tem um poder é o de tornar um assunto falado, se ele tem uma miopia é a de considerar que o mundo é a net.

    Falo disso por que estará ai em Porto Alegre um dos blogueiros líderes, favor visitar o link http://www.idelberavelar.com/archives/2009/06/e_hoje_2.php. Gostaria de ter falado disto antes, mas só fiquei sabendo disso hoje, e a impossibilidade de colar a mensagem neste espaço a atrasou em algumas horas (tive que deixar o link aberto e ir dar aulas, que é o que eu faço)

    Quem sabe alguém pode se encontrar, podemos juntar as forças e apoios e conseguiremos que os movimentos não cheguem em dezembro desconhecidos pela maior proporção da população. No meu blog eu tento juntar estas pontas, mas creio que estou sendo tratada com suspeita (como algum blog que queira ganhar algum prêmio de popularidade). Então estou tentando de outra maneira. Não creio que o contato com a blogosfera vá dar jeito em todos os problemas de divulgação e sei de tudo o que os pró-confecom estão fazendo para divulgar a confecom. Sei que não é fácil, mas os blogues poderão dar uma mão.

    ResponderExcluir