Noeli Godoy, Ávaro Britto e Rafael Duarte na mesa de diálogo sobre Conferência de Comunicação
[Por Raquel Junia] No último dia 27 de maio foi realizado o primeiro de uma série de encontros para discutir a Conferência Nacional de Comunicação. As atividades estão sendo organizadas pelo Núcleo Piratininga de Comunicação, no Sindicato dos Engenheiros (Senge). No primeiro debate participaram os jornalistas Álvaro Britto, do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio, Rafael Duarte, do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) e a psicóloga Noeli Godoy, do Conselho Regional de Psicologia. Os participantes acreditam que a Conferência tem o grande papel de conscientizar sobre a importância dos meios de comunicação e fortalecer as mídias contra-hegemônicas.
Álvaro foi o primeiro a falar e ressaltou a oportunidade que se abre com a Conferência de se tornarem mais públicas as discussões a respeito da comunicação no Brasil. "Quando acabar a Conferência pode ser que tenha mais povo no Brasil discutindo os meios de comunicação de massa", sublinhou.
O jornalista apontou alguns dos problemas da mídia comercial, como a veiculação de conteúdos centrados no eixo Rio - São Paulo, o que faz com que a diversidade do país não seja mostrada. Álvaro também se referiu à internet como um meio de comunicação que pode trazer novas possibilidades de democratização das comunicações, mas chamou a atenção para o fato de que não se pode iludir com a rede.
"A internet também está em disputa, não dá para achar que ela vai fazer a democratização. Tem um projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG), que propõe um conjunto de controles para os usuários da internet e está sendo discutido. Daqui a pouco foi aprovado e a gente nem viu", alertou.
Rafael Duarte começou a sua exposição lembrando da mobilização em torno do Plebiscito contra a Área de Livre Comércio (AlCA), em 2002. Ele disse que na ocasião, quando faltavam mais ou menos três semanas para a realização da consulta, todos os jornais alternativos, comunitários, populares, "desde os jornaizinhos de grupos ligados a igreja até os veículos dos sindicatos" divulgaram notas e reportagens sobre o plebiscito e a necessidade de se mobilizar para barrar a Alca. Para Rafael, esse exemplo deve ser seguido em momentos como a da Conferência.
"Se entramos na Conferência esperando as resoluções que vão garantir a democratização da comunicação, sairemos muito decepcionados desse processo. A Conferência deve servir para pensarmos como integrar os lutadores do campo da comunicação e como fazer com que mais pessoas reconheçam a importância dessa luta", afirmou.
O que psicólogo tem a ver com a mídia?
A psicóloga Noeli Godoy contou que começou a participar mais ativamente das discussões sobre a necessidade de se democratizar a mídia quando atuava em uma rádio comunitária no município de São Gonçalo. Para ela, a psicologia e os meios de comunicação são duas áreas que tem uma relação muito grande. Ela explicou que essa é hoje uma visão dos Conselho de Psicologia, mas que, no entanto, não é uma análise comum entre os psicólogos.
‘A categoria se assusta quando vê um colega falando de mídia’, comentou. Noeli destacou que as escolhas das pessoas não são decisões livres porque o conteúdo da mídia atua fortemente na produção de subjetividades da sociedade na qual está inserida.
A psicóloga disse ainda que os conselhos estão discutindo fortemente questões como a publicidade infantil e a exploração da imagem do homem e da mulher na mídia. E também estão envolvidos na realização da Conferência. Noely lembrou um psicólogo e comunicador cubano, Manoel Calvino, que afirmou: ‘a grande dificuldade na democratização da mídia é a democratização da sociedade’.
Encontros continuam
Os debatedores convidaram os presentes para participarem das reuniões quinzenais da Comissão Rio Pró-Conferência Nacional de Comunicação. É nessa comissão que os movimentos sociais do estado do Rio estão se reunindo para planejar a mobilização para as etapas estadual e nacional da conferência. As reuniões são realizadas às segundas-feiras, às 19h, quinzenalmente, no Clube de Engenharia. A próxima reunião será no dia 1º de junho.
O NPC realizará ainda mais quatro encontros sobre o tema. A ideia é contribuir para a formação de militantes, estudantes, sindicalistas e pessoas interessadas para que tenham uma atuação qualificada durante as etapas da conferência. Os encontros serão realizados sempre no Sindicato dos Engenheiros (Senge), à Avenida Rio Branco, 277, 17º andar, Cinelândia.
Confira a programação dos próximos encontros:
Dia 24/06 (quarta-feira) às 19h – Rádio e TV são concessões públicas. Que processos de concessão queremos?
Dia 08/07 (quarta-feira) às 19h – Controle social da mídia: como a população pode interferir no conteúdo?
Dia 05/08 (quarta-feira) às 19h – Alternativas: comunicação pública, livre, comunitária – que tipo de comunicação queremos?
Dia 02/09 (quarta-feira) às 19h – Rádio e TV digital: que regulamentação queremos?
[Por Raquel Junia] No último dia 27 de maio foi realizado o primeiro de uma série de encontros para discutir a Conferência Nacional de Comunicação. As atividades estão sendo organizadas pelo Núcleo Piratininga de Comunicação, no Sindicato dos Engenheiros (Senge). No primeiro debate participaram os jornalistas Álvaro Britto, do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio, Rafael Duarte, do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) e a psicóloga Noeli Godoy, do Conselho Regional de Psicologia. Os participantes acreditam que a Conferência tem o grande papel de conscientizar sobre a importância dos meios de comunicação e fortalecer as mídias contra-hegemônicas.
Álvaro foi o primeiro a falar e ressaltou a oportunidade que se abre com a Conferência de se tornarem mais públicas as discussões a respeito da comunicação no Brasil. "Quando acabar a Conferência pode ser que tenha mais povo no Brasil discutindo os meios de comunicação de massa", sublinhou.
O jornalista apontou alguns dos problemas da mídia comercial, como a veiculação de conteúdos centrados no eixo Rio - São Paulo, o que faz com que a diversidade do país não seja mostrada. Álvaro também se referiu à internet como um meio de comunicação que pode trazer novas possibilidades de democratização das comunicações, mas chamou a atenção para o fato de que não se pode iludir com a rede.
"A internet também está em disputa, não dá para achar que ela vai fazer a democratização. Tem um projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG), que propõe um conjunto de controles para os usuários da internet e está sendo discutido. Daqui a pouco foi aprovado e a gente nem viu", alertou.
Rafael Duarte começou a sua exposição lembrando da mobilização em torno do Plebiscito contra a Área de Livre Comércio (AlCA), em 2002. Ele disse que na ocasião, quando faltavam mais ou menos três semanas para a realização da consulta, todos os jornais alternativos, comunitários, populares, "desde os jornaizinhos de grupos ligados a igreja até os veículos dos sindicatos" divulgaram notas e reportagens sobre o plebiscito e a necessidade de se mobilizar para barrar a Alca. Para Rafael, esse exemplo deve ser seguido em momentos como a da Conferência.
"Se entramos na Conferência esperando as resoluções que vão garantir a democratização da comunicação, sairemos muito decepcionados desse processo. A Conferência deve servir para pensarmos como integrar os lutadores do campo da comunicação e como fazer com que mais pessoas reconheçam a importância dessa luta", afirmou.
O que psicólogo tem a ver com a mídia?
A psicóloga Noeli Godoy contou que começou a participar mais ativamente das discussões sobre a necessidade de se democratizar a mídia quando atuava em uma rádio comunitária no município de São Gonçalo. Para ela, a psicologia e os meios de comunicação são duas áreas que tem uma relação muito grande. Ela explicou que essa é hoje uma visão dos Conselho de Psicologia, mas que, no entanto, não é uma análise comum entre os psicólogos.
‘A categoria se assusta quando vê um colega falando de mídia’, comentou. Noeli destacou que as escolhas das pessoas não são decisões livres porque o conteúdo da mídia atua fortemente na produção de subjetividades da sociedade na qual está inserida.
A psicóloga disse ainda que os conselhos estão discutindo fortemente questões como a publicidade infantil e a exploração da imagem do homem e da mulher na mídia. E também estão envolvidos na realização da Conferência. Noely lembrou um psicólogo e comunicador cubano, Manoel Calvino, que afirmou: ‘a grande dificuldade na democratização da mídia é a democratização da sociedade’.
Encontros continuam
Os debatedores convidaram os presentes para participarem das reuniões quinzenais da Comissão Rio Pró-Conferência Nacional de Comunicação. É nessa comissão que os movimentos sociais do estado do Rio estão se reunindo para planejar a mobilização para as etapas estadual e nacional da conferência. As reuniões são realizadas às segundas-feiras, às 19h, quinzenalmente, no Clube de Engenharia. A próxima reunião será no dia 1º de junho.
O NPC realizará ainda mais quatro encontros sobre o tema. A ideia é contribuir para a formação de militantes, estudantes, sindicalistas e pessoas interessadas para que tenham uma atuação qualificada durante as etapas da conferência. Os encontros serão realizados sempre no Sindicato dos Engenheiros (Senge), à Avenida Rio Branco, 277, 17º andar, Cinelândia.
Confira a programação dos próximos encontros:
Dia 24/06 (quarta-feira) às 19h – Rádio e TV são concessões públicas. Que processos de concessão queremos?
Dia 08/07 (quarta-feira) às 19h – Controle social da mídia: como a população pode interferir no conteúdo?
Dia 05/08 (quarta-feira) às 19h – Alternativas: comunicação pública, livre, comunitária – que tipo de comunicação queremos?
Dia 02/09 (quarta-feira) às 19h – Rádio e TV digital: que regulamentação queremos?
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