Michele Limeira - MTB: 9733 Agência de Notícias 17:50 - 18/11/2009 Edição: Letícia Rodrigues - MTB 9373 Foto: Marcos Eifler / Ag AL
Último painel do evento ocorreu na tarde desta quarta-feira
Representantes da sociedade civil organizada, ongs, sindicatos, conselhos, associações e cidadãos preocupados com a democratização da comunicação dividiram, na tarde desta quarta-feira (18), utopias e desafios para a área. “Cidadania: direitos e deveres” foi o tema do terceiro painel da 1ª Conferência Estadual de Comunicação – a Confecom – Etapa RS, realizada na Assembleia Legislativa, no Teatro Dante Barone.
O debate, mediado pelo deputado Miki Breier (PSB), estabeleceu-se a partir da exposição da representante do Conselho Federal de Psicologia e integrante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, a psicóloga, Roseli Goffmann; do advogado Ricardo Giuliani Neto; e do superintendente de Comunicação Social da AL/RS, Celso Schröder.
Crítica, Roseli Goffmann afirmou que a mídia “determina desejos, cria vontades ligados à sociedade de consumo, que constróem uma subjetividade padronizada”. Os veículos de comunicação, segundo ela, têm postura hegemônica e não contribuem com a diversidade. A psicóloga defendeu teses práticas: o fim da publicidade de bebidas alcoolicas; da exploração da imagem do homem, da mulher, da criança e do adolescente na mídia; e das propagandas que induzem a um padrão de consumo que não dialoga com a necessidades reais da sociedade e de um trânsito saudável.
Por outro lado, o advogado Ricardo Giuliani foi provocativo. Abordando questões sobre liberdade de expressão, liberdade de imprensa e soberania, posicionou: “falo em nome do capital”, justificando a reflexão que apresentou. “Sou do tempo em que havia uma centralidade voltada para a sociedade”, observou, resgatando o conceito de “esfera pública”, do teórico alemão Jürgen Habermas. Na sua avaliação, a sociedade vive hoje a “idade mídia”. Segundo Giuliani, a época vivida elimina a centralidade da sociedade, relativizando o conceito de soberania. “Vivemos a transição do utópico para o atópico”, pontuou. No entendimento do advogado, na idade mídia, ou seja, a do capitalismo pós-industrial, a sociedade perde seus valores e as liberdades propaladas neste contexto não pensam suas consequencias.
O discurso saudosista do advogado, que lembrou seu tempo de atuação política, foi retomado pelo o jornalista Celso Schröder. “É urgente e necessária a reconstrução da esfera pública”, defendeu. Schröder também recuperou uma das ideias centrais do debate: o “controle público”. daConforme o jornalista, a sociedade precisa criar mecanismos tranversais e em rede que possam incidir sobre o conteúdos dos meios de comunicação.
O “controle público”, conceito defendido pelo jornalista Daniel Herz, homenageado da Conferência de Comunicação, tem sua dimensão, de acordo com Schröder, na palavra público, que elimina as possibilidades de entendimento de que o controle se dá através de um único indivíduo. Para Ricardo Giuliani, a ideia é também uma forma de liberdade. Contribuindo com a discussão, a psicóloga Roseli Goffmann destacou parâmetros de qualidade para análise de conteúdos de programas de TV, dentre eles o estímulo ao pensamento, ao debate de ideias, a apresentação de desafios e a ampliação do horizonte do público.
Grupos de trabalho
O painel desta tarde foi o último da Conferência e precedeu as discussões dos grupos de trabalho. Após o debate conjunto, os participantes reuniram-se em três grupos, conforme os eixos temáticos do evento: produção de conteúdo; meios de difusão; e cidadania: direitos e deveres. O trabalho dos grupos resultará nas propostas que serão levadas pelos delegados regionais à Conferência Nacional de Comunicação, que acontece em Brasília, de 14 a 17 de dezembro. Os 86 delegados que representarão o Estado serão eleitos logo após os grupos de trabalho, em plenária conjunta no Teatro Dante Barone.
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